tonY PaCheco*
Fui à rede de cinemas Cinépolis, no Shopping Bela Vista, em
Salvador (Bahia) e tomei um susto: as duas caixas dizendo a mim e a um
professor universitário que me acompanhava que não deveríamos ver o filme. “Se
a gente fosse os senhores a gente não entrava. Tá todo mundo saindo depois de
10 minutos de filme.” Nos negamos a atender à recomendação das caixas-críticas-de-cinema
e entramos. Chegamos no ponto em que tínhamos que entregar os ingressos, outro
susto. Ninguém pegou o ingresso e ainda ouvimos: “Avisaram lá fora que o filme
não é bom?” Quer dizer, mesmo que não tivéssemos ingressos teríamos assistido
ao filme, pois o bilheteiro sequer tinha coragem de pegar nos ingressos.
E tudo isso porque o filme brasileiro, com o melhor ator brasileiro da atualidade, WAGNER MOURA (o inesquecível e durão “Capitão Nascimento” de “Tropa
de Elite”), mostra o artista fazendo o papel de um bombeiro salva-vidas em
Fortaleza que se apaixona por um às da motocicleta alemão que acabara de perder
seu parceiro nas águas traiçoeiras da Praia do Futuro, no Ceará. E como em todo
filme de aventura e amor, tem sexo entre os protagonistas. Quando é Angelina
Jolie com Brad Pitt, todo mundo acha legal. Quando são dois homens sadios,
equilibrados, mas amorosos, os caixas e funcionários do cinema tentam fazer com
que Você não assista. Pessoas doentes num mundo doente e intolerante.
Agora, soube que na Paraíba os caixas dos cinemas chegaram a
carimbar “AVISADO” nos ingressos, o que mostra até quanto vai a ignorância e a conseqüente
homofobia do brasileiro. Em 1980, quando, no apartamento do professor doutor
Luiz Mott, no bairro da Federação, em Salvador, se processava a fundação do Grupo Gay da
Bahia – GGB, eu disse aos meus amigos presentes, principalmente ao professor
Ricardo Líper (UFBA) e ao jornalista Alex Ferraz (“Tribuna da Bahia” e “CBN”) : “Anotem
aí – com o avanço da luta contra o preconceito virá uma reação religiosa
furiosa e a homofobia vai mostrar a sua cara”. Não deu outra.
O desafio que deixo aos meus colegas JORNALISTAS
INVESTIGATIVOS é: procurar saber se foi a direção dos cinemas que instruiu os
funcionários.
CAMPANHA HOMOFÓBICA CONTINUA
E na segunda semana de exibição em Salvador, “Praia do
Futuro” continua recebendo campanha contra dos exibidores. Na semana de
lançamento havia 11 salas com 26 horários de exibição. Hoje, 22.05.2014, só 8
salas e 16 horários.
UCI Orient Iguatemi e UCI Orient Paralela, Cinemark Salvador
Shopping, Cinépolis Salvador Norte e Sala de Arte do Museu (imaginem! Até o
cinema de arte...) simplesmente pararam de exibir o novo filme com Wagner
Moura. Cinépolis Bela Vista cancelou 3 horários e agora só tem um, e apenas o
Espaço Itaú Glauber Rocha, a Sala de Arte de Cinema da UFBA e a Sala de Arte
Cine Vivo continuam com a programação, mas a Vivo suprimiu um horário. O mais
incrível foi a UCI Orient Barra, que passou o filme de uma sala onde a entrada custava 21 reais para uma de luxo que custa 30 reais...
UM FILME TOCANTE
Não vou contar a história, mas não se trata de um filme erótico
como a bilheteira evangélica previa. É uma história tocante de dois seres
humanos que se descobrem carentes de companheirismo e amor. Tudo entremeado com
ação e aventura, pois uma parte é passada em Fortaleza e outra em Berlim. Nada de
especial que você não veja entre seus parentes, amigos, vizinhos...
A ficha técnica completa do filme, com crítica de um
especialista está em:
Bom filme para todos!
* tonY Pacheco é jornalista formado pela UFBA, radialista, psicanalista e estudou Economia na UFJF e UFBA.
* tonY Pacheco é jornalista formado pela UFBA, radialista, psicanalista e estudou Economia na UFJF e UFBA.
infelizmente esse é o Brasil que vivemos, o governo na investe na educação como seria investir, então população sem conhecimento pensa e fala besteira.
ResponderExcluirNum sei bem dizer se é preconceito em relação a diminuição de salas. Logo que a cada semana estreiam filmes novos, então é consequência ter menos salas/horários exibindo o filme.
ResponderExcluirMas tbm, mta gente quer fazer chuva com um copo d'água. Ninfomaníaca tbm foi para as telonas e mal tinha espaço pro filme nos cinemas e tbm nem teve bilheteria significativa.
O problema, querido Anônimo, é que "Ninfomaníaca" não tinha ninguém na bilheteria dizendo pra Você não entrar. Agora, "Praia do Futuro", os funcionários diziam que Você NÃO COMPRASSE o ingresso. É o anticapitalismo: estou exibindo filme e recomendo ao meu cliente que não entre em meu cinema. Esta é A QUESTÃO.
ExcluirCaro Tony Pacheco,
ResponderExcluirA Cinépolis não tem como conduta, no ato da venda, indicar nem informar sobre nenhum conteúdo do filme que será exibido.
Apoiamos o lançamento do filme Praia do Futuro e o mesmo permanece em cartaz em muitas de nossas salas, como temos apoiado todos os filmes nacionais.
Caso tenha algum problema futuro, neste quesito, solicitamos que anote o nome do funcionário, que tomaremos medidas internas. Seria um grave desvio da filosofia da Cinépolis caso isso ocorra.
Desde Já agradeço pela atenção e todas as medidas para que tal questão não ocorra no futuro foram tomadas.
VINICIUS CELESTINO Atendimento Norte-Nordeste
Descrição: RG_Assinatura_15x411
tá diminuindo as salas porque não tem tido saída oras. VaI MANTER O MESMO NUMERO SENDO QUE NGM QUER VER?
ResponderExcluirOutra coisa vc não acha que chamar as pessoas de doentes porque não querem ver homossexualidade não seria o verdadeiro preconceito? Reflita bem seus conceitos.
FÉLIX OLIVEIRA / Belém-pa
Estimado Félix,
Excluirse em Belém diminuiu as salas porque as pessoas são homofóbicas, dá pra entender. Mas diminuir porque (como em Salvador) os funcionários dos cinemas convenciam os cinéfilos a não entrar nas salas, aí é DOENÇA, mesmo.