"Intimidade
"Gilka Maria

"Seja no trabalho, entre
amigos, nas relações familiares ou no amor, a intimidade é capaz de trazer,
acima de tudo, grande tranqüilidade. É muito bom saber que, naquele lugar, ou
com aquela pessoa, é possível agir sem cálculos, falar sem vírgulas, sorrir (ou
chorar) sem máscaras. Num mundo tão cheio de planos, normas, regras, ambientes íntimos
trazem uma sensação de liberdade, pois se sabe que, ao menos ali, não é preciso
mentir, fingir, dissimular. Pode-se dizer o que quiser, ser quem se é, sem
nenhum perigo de se ser mal interpretado.
"Mas, com tantas possibilidades
e poucos freios, é também na intimidade que se cometem muitos excessos. Não
raras vezes, os íntimos acabam se esquecendo de ter, um com o outro, alguns
cuidados mínimos, dos quais, no fundo, ninguém abre mão. E se dizem o que nem
pensam, agem como não devem, magoando intensamente a si próprio e ao outro e, o
que é pior, muitas vezes se utilizando de “informações privilegiadas” a que só
os verdadeiramente íntimos têm acesso. E aí é que a intimidade mostra sua outra
face e dá início ao seu reverso... a distância.
"Sim. Porque se a intimidade
pode trazer a interação absoluta entre os indivíduos, é por meio dela também
que se criam os maiores abismos. Afinal, só quem se conhece de perto pode
querer estar mais perto ainda ou, ao contrário disso, desejar se afastar para
sempre, eliminando de uma vez aquele personagem da sua história.
"Portanto, mesmo entre amigos, amores, irmãos, deve haver limite, tem de
haver respeito, não pode faltar cuidado, para que a intimidade alcançada jamais
se transforme numa distância desejada..."
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